Atualmente cursar quatro anos do ensino superior e passar no exame do CRC já não é suficiente para se tornar empregável e obter uma colocação imediata no mercado de trabalho.
Permanecer empregado é outro grande desafio. O perfil do profissional contábil querem mais um simples guarda-livros(*), uma pessoa que se atém somente a registrar os atos e fatos administrativos que afetam o patrimônio da entidade.
A competição e a necessidade de inovações constantes levam as empresas a contratar pessoas pró-ativas, com senso de responsabilidade, com capacidade de se manter atualizadas com pensamento crítico e que dominem sua profissão.
Por outro lado, sabemos que com o avanço das tecnologias e informações já não é possível o contador ser um oráculo, aquele que tudo vê e que tudo sabe, como era no passado, uma vez que a quantidade de informações a serem assimiladas é tão excessiva que bate às raias da falta de razoabilidade.
Em uma mesma semana, recebi por e-mail nada mais que dezoito atos administrativos emitidos pela Secretaria da Receita Federal, INSS, Governo do Estado e etc, entre eles, decretos, regulamentos e as infindáveis instruções normativas. Mesmo com uma sobrecarga de informações o contador necessita se ater a situações estratégicas, estar preparado para ser um Contador Gerencial.
Cada vez mais é comum as empresas consultarem os profissionais contábeis sobre composição de seus custos, para formação seu preço de venda, sua opinião sobre análises do balanço e outras situações gerenciais.
Na maioria das vezes, o contador não está preparado para isso. Preocupado em atender as inúmeras exigências principais e acessórias do fisco federal, estadual e municipal, o contador às vezes não dispõe de tempo para situações que demandam análises estratégicas, o que o tornaria, de fato, um contador gerencial. Até mesmo as universidades que formam os profissionais contábeis ainda não despertaram para o fato de que existe uma necessidade imediata em formar contadores com pensamento de gestores e não somente operacionais, relegando a concentração de idéias a segundo plano.
Apesar da gritante necessidade mercadológica, a maioria das instituições do ensino superior insiste em enfatizar somente a contabilidade histórica ou financeira; e pior, usando metodologias completamente obsoletas. Exemplo disso é que a maioria dos professores das disciplinas de contabilidade básica ensinam exaustivamente as famigeradas contas t como se conhecer razonetes fosse o fato mais importante para o profissional. Às vezes nem explicam ao aluno que no dia-a-dia isso não é utilizado, que essa é apenas uma fórmula didática para o aprendizado e assimilação do funcionamento da contabilidade.
O termo contador gerencial não é novo. A contabilidade gerencial surgiu após a Revolução Industrial, que ocorreu no século XVIII, devido a necessidade de levantar os custos do valor do processo de conversão de mão-de-obra e materiais em novos produtos. Segundo Silvio Aparecido Crepaldi, o contador gerencial é definido pelo IFAC – International Federation of Accouting (Federação Internacional de Contabilidade) como um profissional que: …identifica, mede, acumula, analisa, prepara, interpreta e relata informações (tanto financeiras quanto operacionais) para uso da administração de uma empresa, nas funções de planejamento, avaliação e controle de suas atividades e para assegurar o uso apropriado e a responsabilidade abrangente de seus recursos.
Tão importante saber como se comportou a empresa no passado, com base nas informações da contabilidade financeira, também interessa ao empresário saber o que fazer no futuro, traçar estratégicas para situações de dificuldades a serem enfrentadas, fazer um planejamento das atividades, elaborar seu fluxo de caixa, executar um orçamento de vendas, enfim, utilizar-se da contabilidade como ferramenta de gestão empresarial. O profissional contábil que for bem mais além que registrar os atos e fatos administrativos certamente poderá atender essa demanda, tornando-se um contador gerencial.
Para conhecer a contabilidade gerencial, o contador necessita conhecer também a contabilidade financeira, regida pela Lei 6.404/76 (ou lei das S/A´s-aplicáveis às demais empresas), mas isso não é tudo. As análises das demonstrações contábeis oriundas da contabilidade financeira fazem parte do pacote da contabilidade gerencial: análises de desempenho, análises horizontais e verticais, análises através de índices (liquidez, endividamento e rentabilidade) e análise de custo/volume//lucro.
O profissional contábil, ainda que seja difícil, pode delegar mais atribuições rotineiras a assistentes enquanto que ele poderia certamente contribuir ativamente com seus conhecimentos contábeis e gerenciais com os novos rumos da organização. Os empresários agradecem.